TESTEMUNHO - Entrevista a Samuel Blaise ( Traduzida)
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TESTEMUNHO - Entrevista a Samuel Blaise ( Traduzida)
Baclofeno: com os limites de dosagem adoptados pela França, “ eu estaria morto”
Declarações recolhidas por Rémi Baldy, publicado em 14/3/2014- L’Express
Tradução: Elisa Lopes
O baclofeno acabou de ser autorizado temporariamente. Uma decisão que, sendo um primeiro passo no tratamento do alcoolismo, está longe de satisfazer completamente Samuel Blaise, porta-voz da rede Aubes e da associação baclofeno.
Como é que recebe a decisão da Agência nacional de segurança do medicamento (ANSM) ao autorizar o baclofeno com recomendação temporária de utilização (RTU) ?
Tenho duas reacções. A primeira é uma grande alegria, é uma victória ao fim de dez anos de combate após a descoberta médica de Olivier Ameisen ( falecido em julho passado).
É uma esperança para milhões de doentes em França e no mundo. A minha segunda reacção refere-se a este princípio de RTU que limita as dosagens a 300 mg por dia. Quando eu o comecei a tomar, era a 340 mg, se o meu médico não me tivesse dado estas doses eu estaria morto. Actualmente, tomo 140 mg, e com este novo estatuto o meu médico tem de pedir opinião a um colega ( NdR: medida obrigatória se a prescrição ultrapassar os 120 mg, acima dos 180 mg tem de organizar uma discussão colegial). O outro problema, é que os doentes atingidos por problemas psiquiátricos também não podem ter acesso ao baclofeno. Quer dizer que um bipolar alcoólico ficará alcoólico. É uma discriminação vergonhosa.
Não é para prevenir efeitos secundários que este medicamento apresenta, tais como a insónia, os adormecimentos durante o dia ou o zumbido?
Os efeitos indesejáveis que o baclofeno provoca são aborrecidos mas não inibitórios. 90% das pessoas que utilizam este medicamento mantiveram o seu trabalho, contrariamente ao álcool que provoca 76 000 faltas de longa duração por ano. O problema é que a ANSM é influenciada pela indústria farmacêutica que não quer perder a clientela. É preciso também assinalar que a toma do baclofeno não será reembolsada. Os reembolsos só se aplicam quando a autoridade de colocação no mercado (AMM) aprova.
O que é que a decisão da ANSM muda concretamente e qual será a próxima etapa na luta contra o alcoolismo?
O baclofeno era já prescrito contra o alcoolismo, mas não tinha estatuto. Nessas condições vai continuar a ser prescrito contra a recomendação temporária de utilização. Esta RTU permite sobretudo criar a confiança dos médicos em relação a este medicamento, estabelece um quadro de acção. Como retaguarda é preciso dar uma formação adequada à realidade. Neste momento denunciamos as condições de prescrição, mas é preciso comprometer os doentes em França e no mundo com o tratamento à base de baclofeno. Actualmente, muito poucos médicos, fora de França, o prescrevem, por causa de ameaças e de pressões que sofrem por parte da indústria farmacêutica, é preciso mudar isso.
Declarações recolhidas por Rémi Baldy, publicado em 14/3/2014- L’Express
Tradução: Elisa Lopes
O baclofeno acabou de ser autorizado temporariamente. Uma decisão que, sendo um primeiro passo no tratamento do alcoolismo, está longe de satisfazer completamente Samuel Blaise, porta-voz da rede Aubes e da associação baclofeno.
Como é que recebe a decisão da Agência nacional de segurança do medicamento (ANSM) ao autorizar o baclofeno com recomendação temporária de utilização (RTU) ?
Tenho duas reacções. A primeira é uma grande alegria, é uma victória ao fim de dez anos de combate após a descoberta médica de Olivier Ameisen ( falecido em julho passado).
É uma esperança para milhões de doentes em França e no mundo. A minha segunda reacção refere-se a este princípio de RTU que limita as dosagens a 300 mg por dia. Quando eu o comecei a tomar, era a 340 mg, se o meu médico não me tivesse dado estas doses eu estaria morto. Actualmente, tomo 140 mg, e com este novo estatuto o meu médico tem de pedir opinião a um colega ( NdR: medida obrigatória se a prescrição ultrapassar os 120 mg, acima dos 180 mg tem de organizar uma discussão colegial). O outro problema, é que os doentes atingidos por problemas psiquiátricos também não podem ter acesso ao baclofeno. Quer dizer que um bipolar alcoólico ficará alcoólico. É uma discriminação vergonhosa.
Não é para prevenir efeitos secundários que este medicamento apresenta, tais como a insónia, os adormecimentos durante o dia ou o zumbido?
Os efeitos indesejáveis que o baclofeno provoca são aborrecidos mas não inibitórios. 90% das pessoas que utilizam este medicamento mantiveram o seu trabalho, contrariamente ao álcool que provoca 76 000 faltas de longa duração por ano. O problema é que a ANSM é influenciada pela indústria farmacêutica que não quer perder a clientela. É preciso também assinalar que a toma do baclofeno não será reembolsada. Os reembolsos só se aplicam quando a autoridade de colocação no mercado (AMM) aprova.
O que é que a decisão da ANSM muda concretamente e qual será a próxima etapa na luta contra o alcoolismo?
O baclofeno era já prescrito contra o alcoolismo, mas não tinha estatuto. Nessas condições vai continuar a ser prescrito contra a recomendação temporária de utilização. Esta RTU permite sobretudo criar a confiança dos médicos em relação a este medicamento, estabelece um quadro de acção. Como retaguarda é preciso dar uma formação adequada à realidade. Neste momento denunciamos as condições de prescrição, mas é preciso comprometer os doentes em França e no mundo com o tratamento à base de baclofeno. Actualmente, muito poucos médicos, fora de França, o prescrevem, por causa de ameaças e de pressões que sofrem por parte da indústria farmacêutica, é preciso mudar isso.
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