ESCLARECIMENTO DO DR. RAMIRO ARAÚJO ( MÉDICO PSIQUIATRA PORTUGUÊS)

Os resultados dos ensaios nos diversos países são INEQUIVOCAMENTE DEMONSTRATIVOS DA EFICÁCIA DO FÁRMACO SOBRE O CRAVING, isto é, sobre A COMPULSÃO IRRESISTÍVEL PARA O CONSUMO DA SUBSTÂNCIA (neste caso o) ÁLCOOL.
Quando alguns jornais analisam “é eficaz mas não faz milagres”, estão corretos!
O baclofeno, a partir da posologia de 75/80 mgs. por dia, IMPEDE QUE POSSA OCORRER SÍNDROME DE PRIVAÇÃO, e a partir de uma posologia ESPECÍFICA DE CADA INDIVÍDUO, LIBERTA-O DO FENÓMENO «CRAVING», MAS NÃO SE SOBREPÕE À VONTADE! Se o paciente não está mesmo determinado a (com VONTADE de) deixar de beber, O BACLOFENO NÃO FAZ O MILAGRE DE O IMPEDIR DE BEBER!
Costumo explicar isso aos doentes que me consultam, e ENCAMINHO-OS PARA OS GRUPOS DE ALCOÓLICOS ANÓNIMOS, ou outros grupos de auto-ajuda que estão estruturados para agir sobre a VONTADE e programa de vida das pessoas.
É importante fazer passar essa mensagem, com o sentido de que quem procura o tratamento NÃO PENSE QUE OS COMPRIMIDOS se sobrepõem à sua falta de vontade ou lhe impõem uma conduta abstinente, contra a sua vontade.
Ameisen QUERIA deixar de beber e NÃO PODIA, porque o “craving “se sobrepunha à sua vontade. O baclofeno APENAS RESTITUI À PESSOA A CAPACIDADE DE EXECUTAR AQUILO QUE A SUA VONTADE DELIBERA E DECIDE!
É importante que os familiares dos pacientes compreendam isto, que não tentem trazer ninguém a consultas SEM QUE TENHA OCORRIDO A «ACEITAÇÃO» (reconhecimento de que o seu alcoolismo é uma DOENÇA que TEM DE TRATAR e UM PROBLEMA (ou vários…) que TEM DE RESOLVER…
Criar-lhe a ilusão dos “comprimidos milagrosos” e levá-lo «ao engano» a qualquer consulta, é nocivo, sobretudo porque prejudica a elaboração dessa vivência psicológica, ACEITAÇÃO, imprescindível a qualquer processo de tratamento.