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« O protocolo de aumento das doses de baclofeno previsto pela RTU é muito mais rápido» Dr. Renaud de Beaurepaire

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Mensagem por lili Seg 26 maio 2014 - 13:52

Por Jean-Philippe RIVIERE
Data de publicação : 9 de  Maio de 2014

Segundo o Dr. Renaud de Beaurepaire, psiquiatra e chefe de serviço no hospital Paul Guiraud, Villejuif ( Val-de-Marne), o protocolo de aumento das doses de baclofeno preconizado pela RTU não está verdadeiramente aplicada à prática, quer seja no início, quer seja quando outros patamares da posologia foram ultrapassados.
Ele descreve-nos o protocolo que pôs em prática e as conclusões que tirou de há seis anos para cá.


VIDAL: O que pensa do protocolo sobre o aumento das doses do baclofeno preconizado pela RTU ?

Dr. Renaud de Beaurepaire : Este protocolo estabelece o aumento das doses  demasiado rápido. Alguns dos meus colegas, que têm um péssimo feitio disseram «  mas eles fizeram isso de propósito para que os pacientes tenham efeitos secundários e não tolerem o tratamento para poderem triunfar a seguir e dizerem estão a ver, é mal tolerado ». É do mau feitio, não o diria. Simplesmente, o protocolo de aumento das doses da RTU não está bem, é demasiado rápido e haverá para os doentes que o seguem, muitos efeitos indesejáveis que não aconteceriam se utilizássemos um protocolo de aumento das doses mais lento.


VIDAL : Que protocolo de aumento das doses defende ?

Dr Renaud de Beaurepaire :  O protocolo que proponho e que utilizo é o aumento de 1 comprimido de 3 em 3 dias e, se houver efeitos secundários, ½ comprimido de 3 em 3 dias. O que a RTU propõe, é no 1º dia 1 comprimido e ½  e, seguidamente, um aumento de 1 comprimido de 2 em 2 dias, o que é, a meu ver, demasiado rápido.

VIDAL : O que pensa dos níveis/patamares de posologias do baclofeno indicados pela RTU ?[/b]

Dr Renaud de Beaurepaire : Há 2 patamares ou mesmo 3, indicados na RTU. O primeiro patamar é de 120 mg, ou seja, 12 comprimidos por dia. Na RTU é dito que nesse patamar devemos pedir conselho a um colega : devemos telefonar a um colega experiente na utilização do baclofeno e perguntar-lhe se acha que devemos continuar a aumentar as doses. Não é muito constrangedor, mas é um bocado. Isso passa-se em doses relativamente fracas e trata-se ainda de doses com as quais podemos jogar, podemos trabalhar com o paciente. O que se torna mais complicado é quando os pacientes  se responsabilizam, aquilo que se lhes pede, e que se chega a doses mais elevadas, pois há a segunda dose limite indicada na RTU, que é a dose de 180 mg, 18 comprimidos por dia.
Aí, na RTU, e já não é uma recomendação ou um conselho, é uma obrigação : tem de se pedir opinião já não a um colega mas a um grupo colegial de especialistas, que se encontra nos serviços hospitalares, especializados em adictologia  ou nos CSAPA ( Centro de Cuidados de Acompanhamento e de Prevenção em Adictologia em ambulatório).

VIDAL : Como ultrapassar este segundo patamar de 180 mg, na prática ?

Dr Renaud de Beaurepaire : Devemos então pedir, digamos a um CSAPA
para reunir um colégio que irá tratar do caso e decidir autorizar ou não continuar o aumento das doses. Primeiramente, é de uma complexidade inverosímil : é preciso compreender que um tratamento com baclofeno aumenta-se progressivamente, mas de forma fixa, aumenta-se 1 comprimido de 3 em 3 dias, é assim que eu faço, há outros que fazem de forma diferente, mas em geral, é assim que isso se passa, é de forma muito fixa. Não vamos dizer a um paciente de 17 comprimidos, aí você pára, vamos reunir um colégio de especialistas que se vai reunir dentro de 3 dias, 1 mês, não sei quando e aí, dir-lhe-ei se pode continuar
Os pacientes que sigo, nessa dose, responsabilizaram-se pelo seu tratamento. Gerem-no eles mesmos, muitas vezes já nem pedem a minha opinião. Fazem as coisas como as sentem em função das ocorrências indesejáveis, em função do desejo de se libertarem, em função dos seus consumos de álcool, etc. E é aí que há uma espécie de desencontro entre uma RTU, que a meu ver só quer fazer bem, e a prática no terreno.

VIDAL : O último patamar recomendado é a dose máxima de 300 mg/dia. O que pensa disso ?[/b]

f]]Dr Renaud de Beaurepaire :[/b] Há muitos pacientes, tenho muitos e todos os meus colegas têm que tomam mais de 300 mg. Isso faz-se praticamente sempre da maneira que lhe expliquei atrás, ou seja, não são os médicos que decidiram ultrapassar os 300 mg, são os próprios pacientes que se responsabilizam pelo próprio tratamento que aumentam as doses como lhes foi indicado e se continuam a beber aos 300 mg, se não tiverem efeitos secundários  proibitivos  continuam  e, muitas vezes, dizemos-lhes « ouça, seja prudente , estamos a 250, você a 300, talvez seja preciso fazer uma pausa.» Não, são eles que continuam.
Eles continuam porque sabem que um dia ficarão indiferentes ao álcool e vão a doses muito superiores a 300 mg e nós, os médicos, temos pouco controlo sobre isso. Por isso, não há o direito de incluir na RTU os pacientes que tomam mais de 300 mg mas é necessário saber, e isso talvez os criadores da RTU não o tenham antecipado, que os médicos não têm quase nenhum controlo sobre isso, que são as pessoas que o fazem.

[b]VIDAL : Então como é que fará quando for preciso mais de 300 mg por dia de baclofeno ?

Dr Renaud de Beaurepaire : Não sei o que vamos fazer. Estamos no quadro da RTU, começámos e aumentamos progressivamente, aos 120 mg telefonámos a um colega, perguntámos-lhe se ele estava de acordo, aos 180 mg chamámos o CSAPA mais próximo e disseram-nos que tinham reunido colegialmente e que estiveram de acordo e continuamos e o que vamos fazer quando estivermos a 300 e que o paciente vai dizer «  ouça, isso a mim não me interessa, eu sei que vou mais além, vou  até ficar indiferente »… o que fazemos ? Vamos retirar o paciente da RTU ? Vamos mentir à RTU dizendo «ouça, ele ainda está em 300» quando ele já está em 350 ? Que vamos fazer ? Não sei.

VIDAL : Até que ponto a dose eficaz de baclofeno varia em função dos indivíduos ?

Dr. Renaud de Beaurepaire : A amplitude é imensa, vai de 1 comprimido por dia – li mesmo recentemente que uma doente toma ½ comprimido por dia – até 40, 45, 50 comprimidos diários. De acordo com os resultados que tenho, é uma curva bastante Gaussiana. Quer dizer que há muito poucos pacientes que se curam com 1 ou 2 comprimidos, muito, muito poucos, há também muito poucos que precisam de mais de 40 ou 50 comprimidos e a maioria necessita de 120 a 180mg … Isso calcula-se muito facilmente, quer dizer, a dose necessária, são os doentes que lhe dizem. Ou é progressivo, ou é brutal : brutal significa que uma mudança de dose – passam de 15 para 16 – surge a indiferença perante o álcool.

Dados recolhidos no dia  27 de Março no Hospital Paul Guiraud, (Villejuif), França.
Tradução: Elisa lopes
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